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23/12/22 às 11h02 - Atualizado em 23/12/22 às 11h02

Nascentes do DF recebem plantio de 76 mil mudas de nativas

 

 

Beneficiários do Projeto Nascentes na Bacia do Descoberto: mudas plantadas e poleiro para pássaros. Fotos: Alexandre Magno/CITInova

 


Início da estação das chuvas no Distrito Federal, época de plantar. A Secretaria do Meio Ambiente (Sema) do DF, por meio do Projeto CITinova de Planejamento Integrado e Tecnologias para Cidades Sustentáveis, promoveu o plantio de 76 mil mudas de árvores nativas do Cerrado em 82,39 hectares nas bacias do Descoberto e Paranoá. A ação ocorreu em 72 pequenas propriedades rurais, além dos parques ecológicos do Riacho Fundo e de Águas Claras.

 

“A recomposição vegetal de áreas degradadas beneficia, a médio e longo prazo, a população do DF como um todo, pois permite que a água penetre no solo, evitando erosões e deslizamentos, e recarregando, assim, ao longo do tempo, os lençóis freáticos que abastecem as bacias hidrográficas”, destaca a coordenadora executiva do Projeto CITInova no DF, Nazaré Soares. 

 

A Sema DF realizou o Diagnóstico nas bacias do Descoberto e Paranoá utilizando uma metodologia com análise multicritério, que identificou as áreas com média, alta e muito alta prioridades para restauração. Foram mapeados 91 mil hectares que necessitam de restauração, um mapeamento que será útil para futuras ações ambientais no território. 

Mudas nativas do Cerrado prontas para o plantio em APP. Fotos: Alexandre Magno/CITInova

 

Os cerca de 70 beneficiários das ações são agricultores familiares que receberam o plantio de 61,3 mil mudas de nativas e/ou replantio de 15 mil mudas perdidas para a seca ou fogo. A mortalidade girou em torno de 10%, em média, nas mudas plantadas em 2020. 

 

Segundo informações do Projeto CITinova, em dois anos houve 11 casos de fogo, o que representa 15% das áreas. Ainda assim, as árvores brotaram com as chuvas, adaptadas que são ao bioma Cerrado, com raízes profundas que tiveram tempo e condições de crescer. Foram utilizadas mudas de excelente qualidade, adubação fosfatada que favorece o crescimento das raízes e hidrogel para manter a umidade no período da seca.  

 

“O trabalho foi muito importante porque, durante o plantio, tivemos contato com os agricultores, o que facilitou a conscientização sobre a importância de conservar áreas de nascentes, Áreas de Proteção Permanente (APP) e de recarga hídrica. Alguns já estão produzindo suas próprias mudas e plantando as sementes também”, ressalta Ana Karl, a diretora da empresa Equilíbrio Ambiental, contratada para realizar o plantio e a manutenção das mudas. 

Preparo do berço para plantio: recomposição da vegetação nativa em área degradada.

 

A ação da Sema/CITinova teve uma excelente avaliação entre os beneficiários: cerca de 90% consideraram o projeto como bom e muito bom (nota máxima). A aderência dos agricultores ao projeto foi considerada muito boa: participaram desde o plantio ao monitoramento e replantio, quando necessário. Algumas mudas plantadas em 2020 já estão com mais de três metros de altura, dando flor e frutas – um indicador de sucesso. 

 

Os técnicos do Projeto explicam que o resultado do trabalho será percebido no meio ambiente do DF a médio e longo prazo, entre cinco e dez anos. A vazão da água depende de muitos outros fatores, como o montante superior de cada área e o uso do solo.

 

Segundo a engenheira florestal da Sema/DF, Thaiane Meira, a ação de recomposição vem como um esforço de auxiliar a população a se adequar à Lei de Proteção da Vegetação Nativa (Lei 12.651/2012, conhecida como Código Florestal). Caso tenha ocorrido um desmatamento em APP, como nascentes e beiras de rios, o proprietário é responsável por recuperar a vegetação. 

 

“No entanto, essa não é uma tarefa fácil. Além de envolver aspectos técnicos acerca de quais são as plantas adequadas, espaçamentos, métodos de plantio, controle de formigas e espécies invasoras, também é uma atividade muito cara”, conta Thaiane. Segundo levantamento com especialistas do setor, estima-se um valor de R$ 30 mil reais por hectare recuperado.

Hidrogel nas raízes: mantém a umidade na época da seca. Foto: Alexandre Magno CITinova

 

ECOSSISTEMA SAUDÁVEL

 

O casal de agricultores Ronaldo Gonçalves de Andrade e Fernanda Queiroz de Andrade, assentados do Incra no Acampamento Canaã, na Bacia do Descoberto, percebeu um ganho de informações e conhecimento após a implantação do projeto CITinova/Sema na área. Eles foram beneficiados com o projeto Nascentes, de recuperação de áreas degradadas, e o projeto SAF, de Sistema Agroflorestal Mecanizado. 

 

“Desde já, consigo ver resultados. Fizemos um aceiro bom e não tivemos fogo por aqui este ano. Além disso, a área da APP de quatro hectares foi cercada e as mudas estão crescendo bem. Percebemos uma resposta positiva na fauna também, muitos pássaros de diferentes espécies voltaram pra cá e estão se reproduzindo”, conta Ronaldo. Os pássaros são agentes de multiplicação de sementes e parte fundamental da saúde do ecossistema. 

 

A chácara de Ronaldo e Fernanda está localizada nos arredores do Ribeirão Rodeador, o principal afluente da Bacia do Lago do Descoberto. No entorno da APP de quatro hectares, estão sete famílias assentadas.“Achei muito interessante essa parte do projeto de substituição das mudas que pereceram na época da seca. Ficamos muito satisfeitos. As mudas estão se desenvolvendo muito bem. A mina d’água, que só tem vazão na época da chuva, vai se recuperar agora, com o tempo e o cuidado nesta área. Os moradores antigos contam que uns 20 anos atrás corria um rio aqui”, diz Ronaldo. 

 

Segundo a técnica especialista em Recursos Hídricos e Resíduos Sólidos do Projeto CITinova/Sema DF, Andréa Carestiato, a presença de árvores em um ecossistema têm valor inestimável. “A grande riqueza do Cerrado é o sistema radicular, que é protegido e alimentado pelas folhas das copas das árvores. O enraizamento retém o solo e permite a percolação da água”, explica. O Cerrado é conhecido por ter a configuração de uma “floresta de cabeça para baixo”, que abastece com água as principais bacias hidrográficas do Brasil.

Muda de jacarandá-mimoso Foto: Alexandre Magno CITinova

 

CITinova

 

O CITinova é um projeto multilateral que oferece soluções tecnológicas, metodologias e ferramentas de planejamento urbano. Ele é realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), com apoio do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês), implementação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e execução da Secretaria do Meio Ambiente do DF, em parceria como Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE).