O secretário de Meio Ambiente, Sarney Filho, determinou a criação de uma força-tarefa envolvendo órgãos e entidades do GDF para avaliar experiências e propor a criação de um dispositivo legal para dar segurança jurídica à projetos de compostagem descentralizada de resíduos, realizados por iniciativas comunitárias e coletivas cuja utilização do composto orgânico ocorra na mesma localidade onde são gerados ocupando áreas públicas.
Ele visitou, na manhã desta terça-feira, (15/09), uma experiência de compostagem de orgânicos, em um prédio do Setor Noroeste que, já no segundo mês de funcionamento, recebeu cerca de 550 Kg de resíduos, coletados entre os 32 apartamentos. Também estavam presentes a administradora do Plano Piloto, Ilka Teodoro, o diretor-adjunto do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), Rômulo Barbosa, representante do DF Legal e equipe técnica dos órgãos e entidades.
A ação deve fazer parte da pauta da Câmara Técnica de Resíduos do CONAM e do Comitê Brasília Recicla, instância que vai promover educação ambiental e comunicação voltadas à reciclagem de resíduos sólidos secos e orgânicos.
“Eu me comprometo a dar apoio integral ao projeto. Em um mês, esperamos reunir dados e informações para garantir que o GDF apoie iniciativas dos cidadãos em prol do meio ambiente e formalize a regulamentação, para dar a tranquilidade almejada por quem está à frente de ações como esta”, disse Sarney. Ele propôs que o próximo passo do condomínio seja a criação de uma horta comunitária. “Dentro desses tipos de alternativas, gosto muito da ideia da criação das hortas também muito oportunas em uma cidade verde como Brasília”, acrescentou.
A força-tarefa deve contar também com representantes do Brasília Ambiental e da Secretaria de Agricultura Abastecimento e Desenvolvimento Rural.
Quando a professora aposentada ngela Regina Chaves foi morar no Noroeste, acreditava que o codinome de Bairro Verde daria aos moradores hábitos mais sustentáveis. Com relação aos resíduos sólidos, não foi isso que ela encontrou e quis fazer a diferença. “Sonhava em morar em um condomínio que fosse lixo zero. Era minha motivação”. Ela é a subsíndica do edifício visitado, o único já habitado na quadra 103 do bairro.
A realização do sonho não demorou. O incomodo de ngela encontrou eco em um problema que o síndico, Daniel Maia Vieira, percebeu, principalmente após o início do isolamento social imposto pela Pandemia de Covid-19. “Vimos a geração de resíduos aumentar muito, com as pessoas ficando em casa. Já tínhamos dois contêineres e percebemos que precisaríamos de mais uns três para dar conta da demanda”.
Foi então que ngela, com apoio de Daniel, buscou a 4H – Quatro Hábitos para Mudar o Mundo, uma empresa de serviços ambientais, cujo trabalho conheceu em evento voltado à gestão condominial e, a mágica se fez. A fundadora da 4H, Ana Maria Arsky, conta que, ao ser procurada, sugeriu a reciclagem dos resíduos orgânicos dos moradores por meio da compostagem. O projeto teve início em julho e, no final do mês, já foi possível adubar o jardim do prédio com o composto tirado dali mesmo.
Para Daniel, contar com a parceria da Secretaria de Meio Ambiente e dos demais órgãos do GDF será fundamental para resolver questões como a adequação dos projetos de compostagem ao paisagismo dos prédios, a resistência de alguns moradores aos projetos ambientais e, o principal, o risco de descontinuidade das iniciativas por força da legislação. “Muitas vezes não conseguimos saber se uma iniciativa assim precisa, por exemplo, de licenciamento”, afirmou.
A técnica usada no condomínio do Noroeste é o Método Lajes de Compostagem “é simples como se vê”, como brinca Daniel. Caixotes de madeira ecológica como pinus com grades de tela guardam o resíduo orgânico, coberto com pó de serragem e furado para liberar a entrada de ar. O liquido gerado escorre diretamente no solo e o composto seco, distribuído no jardim do condomínio, entre vinte e trinta dias após o início do processo.
Por meio do projeto, uma lixeira pequena foi entregue em cada apartamento e, uma vez ao dia, os funcionários recolhem o material, levado às composteiras. Por já estar separado, o trabalho de coleta diminuiu e melhorou, conta o síndico.
Já o encarregado de gerir o trabalho de pessoal de limpeza, Daniel Sales, diz que teve preconceito no início do projeto. “Achava que iria gerar mosca, mau-cheiro e atrair vetores como ratos e baratas”, conta.
Mas a desconfiança logo cedeu lugar ao que ele chama de encanto. De tão impressionado com o resultado, mesmo em tão pouco tempo de colocado em prática (a ação começou em julho), ele vê resultados que nem imaginava, a exemplo da economia de recursos hídricos. “Diminuímos a irrigação dos jardins, de quatro para duas vezes ao dia. Ao receber o composto as plantas ganham mais força na raiz, absorvendo a água por mais tempo. E ficam mais fortes e vistosas”, diz. Ele agora quer levar a prática para a própria casa, em Planaltina.
Assessoria de Comunicação
Secretaria do Meio Ambiente