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18/02/19 às 17h18 - Atualizado em 18/02/19 às 17h26

Agricultores conhecem projeto que vai implantar áreas de agrofloresta para proteger bacias no DF

 

 

A Secretaria de Meio Ambiente (SEMA) abriu no sábado (16) as oficinas de sensibilização Cultivando Água Boa com agricultores que vivem nas regiões de Serrinha do Paranoá. A iniciativa faz parte do projeto GEF Cidades  – Promovendo Cidades Sustentáveis por meio do Planejamento Urbano Integrado e de Investimentos em Tecnologias Inovadoras.

 

Durante a oficina, os produtores de Serrinha do Paranoá conheceram as ações de Agrofloresta Mecanizada, com foco na região, previstas no Projeto, e experiências locais do Projeto Águas, apresentadas pelo Instituto Orca do Sol. Os agricultores participaram, também, de um trabalho especifico de sensibilização, baseado na metodologia Cultivando Água Boa – Itaipu Binacional, dirigido pela professora Norma Hofstaetter, especialista em Educação e Gestão Ambiental.

 

No programa para o DF, foram incluídas áreas que abrigam mananciais importantes para a produção de água e abastecimento urbano (as áreas rurais das bacias do Paranoá e Descoberto), para conciliar a estabilidade de uma agricultura sustentável com a manutenção da capacidade de produção de água, a qualidade do solo, evitando a impermeabilização e o desmatamento pelo avanço desordenado das cidades.

 

O projeto GEF Cidades é custeado por um fundo gerido pela ONU, e desenvolvido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em parceria com o PNUMA. No DF, é coordenado pela Secretaria de Meio Ambiente (SEMA-DF), com a participação de diversos setores do governo e da sociedade civil.

 

Segurança hídrica

 

A Subsecretária de Assuntos Estratégicos da SEMA, Alessandra Péres, explicou que o objetivo final da iniciativa é garantir a segurança hídrica no abastecimento público do DF, com a produção de água nas bacias do Descoberto e do Paranoá, dois grandes mananciais locais.

 

“A Serrinha do Paranoá tem uma vocação primordial à preservação ambiental e, com esse projeto piloto vamos chamar a atenção de todos – sociedade, agricultores, moradores da região, governo, setor privado e agentes financiadores aos benefícios e impactos econômicos ambientais dessas tecnologias, como a SAF Ambiental”, explicou.

 

O administrador do Lago Norte, Marcelo Ferreira, dirigindo-se aos agricultores presentes garantiu que a partir de agora, eles não ficarão mais abandonados. “Quando chegamos aqui existia uma divisão na região entre a Península Norte, Taquari e Serrinha. A primeira coisa que fiz foi o slogan “Somos todos Lago Norte” e vamos fazer dessa região uma grande família”, afirmou.

 

O prefeito da Península do Lago Norte, Irineu Santos, elogiou a iniciativa da Sema e enfatizou que é preciso união de todos os interessados no desenvolvimento da região. “Por causa do individualismo, muitas vezes não nos sentimos comunidade. Então, quando vocês estão fazendo esse trabalho para preservar a água aqui do Lago, eu fico satisfeito e honrado, porque nós temos que fazer as coisas e não mais ficar somente discutindo”, disse.

 

A coordenadora do GEF Cidades, Nazaré Soares, disse que o foco do projeto é o desenvolvimento urbano e sustentável. “A situação do DF é peculiar, com um misto de rural e urbano. Daí as ações do projeto também contemplarem as áreas rurais periurbanas”, explicou.

 

Nazaré Soares justificou as especificidades do programa. “De outra forma, nós não poderíamos atingir as metas na agenda de água, que é garantir a continuidade de produção de água pelos principais tributários e córregos que abastecem e alimentam o Lago do Paranoá e o Lago do Descoberto”, disse.

 

Até amanhã (19) as oficinas serão realizadas na Bacia do Rodeador, Bacia do Alto Descoberto e na ARIE1 da Granja do Ipê Lago Norte. Oficinas também mobilizaram agricultores durante o fim de semana, em Brazlândia, para os produtores da Bacia do Rodeador e da Bacia do Alto Descoberto.

 

Agrofloresta

 

Uma das ações do projeto, em contrato com o CIRAT (Centro Internacional de Água e Transdisciplinaridade) é a de “Boas práticas, Inovação e Pesquisa na conservação do solo e da água” que prevê a implantação de 20 hectares de Sistemas Agroflorestais mecanizados em propriedades rurais nas sub-bacias do Alto Descoberto e Rodeador, bacia do Descoberto e no Combinado Agrourbano – CAUB, zona de amortecimento da ARIE Granja do Ipê e Serrinha do Paranoá, ambos na bacia do Paranoá.

 

O Sistemas Agroflorestais (SAFs) procuram conciliar floresta e agricultura – manutenção de produção e necessidade de recuperação de áreas degradadas – permitindo a recuperação da fertilidade do solo. Ter colheitas variadas por todo o ano, proteger o solo, preservar e auxiliar na produção de água e ainda gastar menos é tudo que um agricultor pode desejar.

 

O plantio de árvores associado aos cultivos agrícolas, com semeadura direta de sementes (custo bem menor do que o feito por mudas), provoca um desenvolvimento mais rápido pela associação de espécies, com tempos diferentes de crescimento, faz com que as culturas mais rápidas sirvam de proteção, alimento e sombra para as mais lentas.  diversas colheitas por ano, além de acelerar o desenvolvimento de florestas naturais.

 

Pensado para o uso intensivo da mão de obra familiar, os sistemas agroflorestais são mais saudáveis, elevam a comercialização porque a regularidade das colheitas se sucedem, por todo o ano, em oposição à monocultura que permite apenas uma colheita por ano, depende das chuvas e do combate às pragas e doenças de forma artificial e tóxica.

 

O trabalho pioneiro do suíço radicado na Bahia Ernst Gotsch levou os SAFs às grandes propriedades, com apoio de empresários da área agrícola, e permitiu o desenvolvimento de um maquinário adaptado que propicia a implantação mais rápida e prática em grande escala. A mecanização é benéfica para todos os tamanhos de cultivo, como na Ásia onde pequenas máquinas já tornam a agricultura familiar altamente produtiva, técnica e simplificada.

 

 

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