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2/03/22 às 12h09 - Atualizado em 6/04/22 às 10h56

Agricultoras familiares participam de curso para começar CSA

Quem escolhe fazer parte de uma CSA deixa de ser apenas um consumidor e se torna um coagricultor

 

Grupos serão formados por comunidades lideradas por mulheres que fazem parte de um projeto-piloto da Sema | Foto: Divulgação/Sema

 

Duas novas Comunidades que Sustentam a Agricultura (CSA) serão criadas em breve no Distrito Federal, com mulheres no comando. As agricultoras fazem parte de um projeto-piloto da Secretaria de Meio Ambiente (Sema) do DF, por meio do Projeto CITInova que vai capacitar 20 agricultoras e agricultores das bacias do Descoberto e Paranoá. O curso começa no dia 14 de março.

 

Neste modelo, o agricultor deixa de vender seus produtos por meio de intermediários, aprendendo sobre organização de financiamento da produção.  Quem escolhe fazer parte de uma CSA, deixa de ser apenas um consumidor e se torna um coagricultor. Passa a colaborar para o desenvolvimento sustentável da região, estimulando o comércio justo e valorizando a produção local, podendo conhecer de perto de onde vem o seu próprio alimento.

 

As CSAs têm tido sucesso no Distrito Federal. Cada vez mais famílias investem nessa parceria com os agricultores, em troca de alimentos orgânicos produzidos de uma forma socialmente justa. A Rede de CSA de Brasília já conta com 35 comunidades.
Segundo a coordenadora executiva do projeto Sema/Citinova, Nazaré Soares, as CSAs são uma nova abordagem de comercialização, mais justa entre produtores e consumidores, que fortalece a cadeia produtiva dos sistemas agrorflorestais.

 

“Essa capacitação se insere na continuidade do projeto de implantação de Agroflorestas Mecanizadas (SAFs) para que a atividade produtiva se transforme de fato em uma opção de renda mais amigável do ponto de vista ambiental e, principalmente, favorável à continuidade da produção de água na região”, afirma o secretário do Meio Ambiente, Sarney Filho.

 

O projeto, que também investe em recuperação de Áreas de Proteção Permanente, atua nas duas bacias que abastecem o DF, Paranoá e Descoberto, com o objetivo de garantir a segurança hídrica da população.

 

Porta aberta

 

Entrevista de diagnóstico com a agricultora Adriana Rocha, na Bacia do Descoberto. Foto: Matres Ambiental

 

Para Adriana Rocha, do Assentamento Gabriela Monteiro, na Bacia do Descoberto, o curso vai porporcionar instrumentos importantes para o desenvolvimento do trabalho. “Vamos aprender a organicidade da CSA, como fazer, montar o grupo, levar os produtos e colocar tudo no papel. Com essa porta aberta, o caminho vai ficar mais fácil”, afirmou.

 

A mãe de Adriana, Ilnéia Rocha, que mora em uma parcela vizinha no assentamento, reforçou a importância do curso. “Será muito bom, porque nós agricultoras precisamos dessa orientação. Vamos melhorar o plantio, a comercialização e o contato com os coagricultores”, relatou. A família Rocha produz tubérculos, folhagens e frutas.

 

Visita à chácara de Ilnéia Rocha, na Bacia do Descoberto. . Foto: Matres Ambiental

 

Motivação

 

Gizelma Fernandes mora desde os 11 anos na Chácara 58 do Combinado Agrourbano de Brasília (Caub), na Área de Relevante Interesse Ecológico (Aire) Granja do Ipê, na região da Bacia do Paranoá. Ela espera aumentar a produção com a certeza das vendas pelo CSA. “O projeto me traz motivação para cultivar mais e manter a produção o ano todo”, disse. Ela fará parte de um dos dois novos CSAs, ao lado da vizinha Gedilene Lustosa, que tem boas expectativas de aprendizado e muito interesse no curso.

 

“É uma oportunidade para a minha família. Meu marido e meu filho mais velho têm a agricultura como atividade principal. Eu sou uma grande entusiasta e incentivadora, deles e da comunidade”, conta Gedilene.

 

Equipe do Projeto CITinova com a agricultora Gedilene Lustosa. . Foto: Matres Ambiental

 

Atualmente, elas produzem mandioca, banana e abacate. Para montar o CSA, vão ampliar a produção para jiló, berningela, tomate cereja, rucula, cebolinha, entre outras. “O pessoal diz que a banana daqui tem um gosto diferente, mais gostoso. Acho que é porque eu ando no meio meio da agrofloresta conversando com as plantas”, brinca Gizelma.

 

Educação ambiental

 

Com o tronco da bananeira, após a poda, Gizelma faz papel artesanal. Já levou esse saber para crianças de escolas vizinhas, presidiárias e refugiados. “Uso casca de cebola, palha de milho e flores de bouganville na decoração dos papéis. Sempre ensino que devemos usar as que já estão secas ou caídas no chão, que não devemos colher uma flor que está viva e no auge da sua beleza”, conta.

 

Feitura de papel artesanal com crianças. Foto: Gizelma Fernandes

 

Em 2017, Gizelma ganhou o prêmio de iniciativa rural sustentável da Secretaria de Meio Ambiente do DF por esse trabalho de educação ambiental. Quando deu aula no presídio em Formosa, ela ouviu de uma aluna algo que ressignificou o seu trabalho. “Professora, eu estava me sentindo igual aquele papel que vira lixo. A senhora me mostrou que posso mudar, assim como esse papel que eu fiz, que saiu das minhas mãos”, disse a aluna. A educadora defendeu uma dissertação sobre esse trabalho social na pós-graduação em psicologia transpessoal na Unipaz, em Brasília.

 

Educação ambiental: agrofloresta com jovens. Foto: Gizelma Fernandes

 

Conteúdo

 

O curso tem um componente filosófico e um prático: história do CSA no mundo e no DF, como funciona, estrutura associativa e estruturação financeira, nutrição e alimentação em CSA; visitas de campo e dia-a-dia do CSA, planejamento da produção e como formar um grupo de coagricultures. Será realizado pela empresa Matres Socioambiental, especialista em educação para a sustentabilidade, com o apoio da Emater DF e da Unipaz.

 

A diretora da Matres Socioambiental, Renata Navega, explica que o curso terá aulas expositivas e participativas. “Além das técnicas, o curso porpõe uma mudança de visão de mundo: de uma cultura do preço para uma cultura do apreço. Veremos quais são os princípios que essa tecnologia nos permite acessar e como podemos levar essas reflexões para a nossa vida”, explica Renata, que dará aulas ao lado de Andreia Zimmermann e Fátima Cabral, da equipe da Matres.

 

O CITinova é um projeto multilateral realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Os recursos são do Global Environment Facility (GEF), com implementação a cargo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). A execução no DF é pela Sema, em parceria com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE).

 

Assessoria de Comunicação

Secretaria do Meio Ambiente